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sábado, 24 de julho de 2010

A polícia humana

A palavra polícia muitas vezes inibe a aproximação de cidadãos aos profissionais de segurança pública e vice versa. Mas como ser pública e distante do público? É quase um paradigma. Mas compreendamos em seguida:

A polícia militar herda de um passado próximo, a ditadura, a visão de que quem não era conhecido, era inimigo, e que por isso deviam matar, exterminar, atrucidar qualquer um que viesse contra seus conceitos e preconceitos. Todos, até que provassem o contrário, eram perigos iminentes, se bem que era quase impossível provar, nunca dava tempo. As arrogâncias dos senhores da lei, se é que podemos chamar assim, ultrapassavam a barreira do absurdo. Pessoas desaparecidas, mortas, violentadas, que perderam suas identidades simplesmente porque cantaram, declinaram versos, escreveram textos, ou tão somente expuseram seus pensamentos.

Não estamos falando de um passado tão distante, nossos avôs, nossos pais e até mesmo alguns de nós, passamos por tamanha repressão; seria impossível esquecer, apagar de nossas mentes os prejuízos devastadores que levaram, que usurparam o desejo maior do homem que é a liberdade.

Os tempos mudaram, temos hoje novos conceitos, visões e ainda preconceitos, mas a verdade é que o nome polícia, ainda sim, está ligado de forma veemente ao conceito de repressão, de cerceamento da liberdade. Esse é um preconceito hodierno que a sociedade não conseguiu ainda superar, mas que é possível sim, pensar numa polícia comunitária, cidadã, honesta e, sobretudo humana.

A simples ação de desejar um bom dia a quem passa pela rua, ou a virtude de saber ouvir com atenção o problema de outro ser humano nos aproxima de forma inimaginável, incompreensível do cidadão, das pessoas de bem, das crianças, da senhora enfim, de todos.

Pertenço a uma polícia que não sabe simplesmente prender, no entanto, mais que isso, sabe APRENDER, sabe RESPEITAR a dignidade humana e sabe que não há limites na busca de um mundo melhor.